Alguém veio me dizer esses dias
que a mulher deve escolher entre a maternidade e a vida profissional. Uma vez
que ela se torne mãe, ela deve contentar-se em ter um emprego, mas deve
esquecer a ideia de ser uma profissional bem sucedida, importante, com alto
cargo e alto salário.
Confesso que me pus a refletir
sobre isso, mas ainda não consegui concordar com a ideia. Sei que a maternidade
as obrigações de mãe, causam certas restrições, mas ainda quero crer que é
possível alcançar as duas coisas desde que haja dedicação, empenho e claro, uma
dose de sorte.
Mas partindo do pressuposto de
que é impossível conciliar as duas coisas como decidir então, sendo uma mulher
o que é mais importante?
Vamos com você que optou pela
vida profissional. Tens uma carreira de sucesso, é uma executiva importante,
ganha o suficiente para ter carro do ano importando, apartamento próprio em
zona nobre, faz viagens frequentes ao exterior e todas as suas coisas são de
grife. Parece mesmo uma opção muito boa, mas lembre-se, na teoria daquele em
que um cenário não pode coexistir com o outro, lembre-se que seus
relacionamentos não dão certo. Sim, você se casou, mas de maneira nenhuma quer
ter filhos. Na primeira hipótese encontrou um parceiro que também não quer,
então aí está seu grau de felicidade (claro, nunca será acordada de madrugada
com o choro de um bebê, mas também não receberá pela manhã o beijo doce do bom
dia, o sorriso encantador quando chegar do trabalho, nem um eu te amo quando o
pequeno ser humano estiver quase adormecendo). Na segunda hipótese seu marido
não está nada satisfeito com a sua decisão, te pressiona, te cobra, pede
filhos, diz que vocês deixarão a terra sem ter plantado nela. Nesse caso, sua
cota de felicidade será reduzida pelo inferno da cobrança. Mas eu acho que dá
pra se viver com isso.
No cenário número dois, você
escolheu a maternidade e se contentou ou em abrir mão de vez da carreira, ou em
construir uma carreira modesta, trabalhando ‘para ter suas coisinhas’, mas sem
destaque, sem muita importância, sem carros importados, viagens maravilhosas e
roupas de marca. Sim, já dá para começar a enumerar os problemas... Viagem nas
férias? Vamos ver se sobrou dinheiro. Carro novo? Depende do quanto vai
aumentar a mensalidade da escola, roupas e sapatos caros? Nada como um bom
magazine para gente se vestir não é mesmo? Sim, você faz contas, dribla o orçamento,
economiza, samba um pouco e quem sabe consegue comprar aquela mesa nova que
você quer na sua sala de jantar, mas não é nada fácil. Sair para a balada? Tem
babá? ( só se seu marido ganha bem), a avó pode ficar com a criança? Quantas
horas você dorme por noite? Tem tempo de estudar, malhar, ler? Sim, são
questões inerentes ao ofício de ser mãe, mulher, esposa. Mas também existem suas
compensações. O amor incondicional é uma delas, e não é mensurável, ou
explicável, só quem sente sabe julgar. Existe o pulo de alegria quando você
chega em casa após um dia extenso de trabalho. O “Eba, mamãe chegou!”
pronunciado com alegria e seguido do abraço apertado e carinhoso, do beijo
doce. Existe os inúmeros eu te amos, a sensação de estar ensinando algo a
alguém, o poder de saber que você deixará nesse planeta, uma marca sua, seu
gene, seu jeito de olhar, um traço de sua personalidade. Ter filhos e depois
netos é o mais próximo na imortalidade a que o ser humano pode chegar. Sim, eu
acho que dá pra viver com isso também. E uma vez que você tem, não pode
imaginar como seria sua vida sem.
Mas e o equilíbrio? Não é possível
mesmo? A pessoa que traçou uma regra tão simples durante essa conversa não
consegue vislumbrar casos em que a mulher possa atingir os dois picos de
felicidade? Digo bem, a mulher, porque pra homem essa pessoa acha natural ter as
duas coisas.
Nós como mulheres devemos aceitar
um ou outro caminho? Ou podemos dar um basta a esse julgamento, que mesmo após
refletir muito eu ainda considero preconceituoso?
O que você acha? Somos nós que
escolhemos ou a escolha é feita por Deus? Somos donas do nosso próprio destino?
Onde está a resposta?
A minha eu encontrei dentro de
mim.
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