quinta-feira, 18 de abril de 2013

Independência

E tão cedo eu tive essa sensação!
Tão cedo percebo que todos os momentos com minha filha são únicos. Pois filhos se tornam independentes. Tive essa sensação outro dia, quando minha pequena entrou na escola e não se virou como de costume para jogar um beijo e acenar com a mão, estando mais interessada no brinquedo que a amiguinha tinha nas mãos.
E essa sensação de perda me fez relembrar que nós um dia, também fomos dependentes e agora libertamos as amarras. Não todas naturalmente. Ainda somos dependentes de carinho e afeto. Dependentes de nossa rotina, dos valores impregnados da sociedade. Somos dependentes de nosso próprio pré conceito sobre as coisas.
É essa dependência que nos torna amedrontados, com medo de errar, medo de inovar, medo de fazer diferente, nos impedindo que algo novo, bom, saudável possa dar certo. Dizemos diariamente que somos adultos dependentes, que pagamos nossas próprias contas, fazemos o que queremos, quando queremos, da maneira que queremos.
Mentira!
Somos totalmente dependentes das convenções, dos medos, das limites que nos foram impostos ou criados por nós. E pensando assim, agora reflito. Em muitos momentos, as crianças são mais independentes do que nós. Elas se tornam independentes dos adultos, mas podem, como nós, tornar-se dependentes de si mesmas.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Decepções e Expectativas

A decepção faz parte da vida. Não existe quem nunca ficou com olhos marejados porque alguém a quem amava teve atitudes inesperadas. É comum.
Certa vez, uma amiga me disse que essa culpa é nossa. Somos culpados pelos nossos desapontamentos porque colocamos expectativas demais em outra pessoa. Moldamos nossos amigos, familiares e parceiros conforme nossa própria ideia, e claro, eles não estão cientes disso. Nem todos podem adivinhar quais são nossos anseios em um relacionamento.
Portanto, seguindo essa teoria, se tivermos a sapiência de evitar esperar demais das pessoas, muito sofrimento será evitado. Parece simples, o difícil é praticar esse desapego.
Depositar expectativas faz parte do ser humano.
Como não vamos esperar que nosso parceiro, por exemplo, não compreenda e perceba quando precisamos de mais carinho e atenção do que o normal?
Queremos sempre que nosso filho seja obediente, estudioso, inteligente, amoroso. Queremos que nosso parceiro seja compreensivo, grato, atencioso, companheiro. Queremos que nossa mãe atenda às nossas necessidades em todo momento. Esperamos sempre que nossos amigos fiquem do nosso lado mesmo quando nossas atitudes não sejam as mais corretas. Desejamos ardentemente sermos reconhecidos no trabalho. Ansiamos por aprovação da sociedade, por reconhecimento, por ajuda nos momentos que precisamos. Acreditamos fielmente que ao ajudar alguém um dia, esta pessoa irá retribuir.
E claro, em inúmeras vezes essas coisas simplesmente não acontece: seu filho tira notas baixas, seu marido faz uma grosseria desnecessária, sua amiga sente inveja, sua mãe te diz um não, seu chefe promove o colega preguiçoso ao invés de você.
Nesses momentos fatídicos, normalmente nos perguntamos: onde foi que eu errei?
Talvez a teoria de minha amiga esteja certa: você errou nas suas expectativas, mas talvez também, em alguns momentos, sua expectativa estava certa, mas seu interlocutor, como ser humano, errou pois foi individualista,  egoísta, ganancioso demais para perceber ou até mesmo para querer atender aos seus desejos.
Pare e pense também: quantas vezes você não atendeu à expectativa de alguém?
Ficou sem resposta? Não conseguiu lembrar? Lembrou e sentir uma pontada de vergonha?
É... parece que nem toda resposta é simples.
Por isso decepção existe e sempre existirá. Por isso devemos aprender com elas. Se aperfeiçoar.
Seja o caminho que escolher: reduzir ou não suas expectativas, vou sempre concordar com uma coisa: a solução está sempre em você, na sua maneira de encarar a vida.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A vida profissional


Alguém veio me dizer esses dias que a mulher deve escolher entre a maternidade e a vida profissional. Uma vez que ela se torne mãe, ela deve contentar-se em ter um emprego, mas deve esquecer a ideia de ser uma profissional bem sucedida, importante, com alto cargo e alto salário.
Confesso que me pus a refletir sobre isso, mas ainda não consegui concordar com a ideia. Sei que a maternidade as obrigações de mãe, causam certas restrições, mas ainda quero crer que é possível alcançar as duas coisas desde que haja dedicação, empenho e claro, uma dose de sorte.
Mas partindo do pressuposto de que é impossível conciliar as duas coisas como decidir então, sendo uma mulher o que é mais importante?
Vamos com você que optou pela vida profissional. Tens uma carreira de sucesso, é uma executiva importante, ganha o suficiente para ter carro do ano importando, apartamento próprio em zona nobre, faz viagens frequentes ao exterior e todas as suas coisas são de grife. Parece mesmo uma opção muito boa, mas lembre-se, na teoria daquele em que um cenário não pode coexistir com o outro, lembre-se que seus relacionamentos não dão certo. Sim, você se casou, mas de maneira nenhuma quer ter filhos. Na primeira hipótese encontrou um parceiro que também não quer, então aí está seu grau de felicidade (claro, nunca será acordada de madrugada com o choro de um bebê, mas também não receberá pela manhã o beijo doce do bom dia, o sorriso encantador quando chegar do trabalho, nem um eu te amo quando o pequeno ser humano estiver quase adormecendo). Na segunda hipótese seu marido não está nada satisfeito com a sua decisão, te pressiona, te cobra, pede filhos, diz que vocês deixarão a terra sem ter plantado nela. Nesse caso, sua cota de felicidade será reduzida pelo inferno da cobrança. Mas eu acho que dá pra se viver com isso.
No cenário número dois, você escolheu a maternidade e se contentou ou em abrir mão de vez da carreira, ou em construir uma carreira modesta, trabalhando ‘para ter suas coisinhas’, mas sem destaque, sem muita importância, sem carros importados, viagens maravilhosas e roupas de marca. Sim, já dá para começar a enumerar os problemas... Viagem nas férias? Vamos ver se sobrou dinheiro. Carro novo? Depende do quanto vai aumentar a mensalidade da escola, roupas e sapatos caros? Nada como um bom magazine para gente se vestir não é mesmo? Sim, você faz contas, dribla o orçamento, economiza, samba um pouco e quem sabe consegue comprar aquela mesa nova que você quer na sua sala de jantar, mas não é nada fácil. Sair para a balada? Tem babá? ( só se seu marido ganha bem), a avó pode ficar com a criança? Quantas horas você dorme por noite? Tem tempo de estudar, malhar, ler? Sim, são questões inerentes ao ofício de ser mãe, mulher, esposa. Mas também existem suas compensações. O amor incondicional é uma delas, e não é mensurável, ou explicável, só quem sente sabe julgar. Existe o pulo de alegria quando você chega em casa após um dia extenso de trabalho. O “Eba, mamãe chegou!” pronunciado com alegria e seguido do abraço apertado e carinhoso, do beijo doce. Existe os inúmeros eu te amos, a sensação de estar ensinando algo a alguém, o poder de saber que você deixará nesse planeta, uma marca sua, seu gene, seu jeito de olhar, um traço de sua personalidade. Ter filhos e depois netos é o mais próximo na imortalidade a que o ser humano pode chegar. Sim, eu acho que dá pra viver com isso também. E uma vez que você tem, não pode imaginar como seria sua vida sem.
Mas e o equilíbrio? Não é possível mesmo? A pessoa que traçou uma regra tão simples durante essa conversa não consegue vislumbrar casos em que a mulher possa atingir os dois picos de felicidade? Digo bem, a mulher, porque pra homem essa pessoa acha natural ter as duas coisas.
Nós como mulheres devemos aceitar um ou outro caminho? Ou podemos dar um basta a esse julgamento, que mesmo após refletir muito eu ainda considero preconceituoso?
O que você acha? Somos nós que escolhemos ou a escolha é feita por Deus? Somos donas do nosso próprio destino? Onde está a resposta?
A minha eu encontrei dentro de mim. 

sábado, 13 de outubro de 2012

Fim do abandono

Entre trabalho, estudo, casa, marido e minha adorada filha, restou-me pouco tempo para escrever nos últimos meses. A partir de hoje, como propósito, resolvi transpor aqui o que tenho feito no facebook.
As conversas de Letícia, que meus amigos tanto curtem não só serão publicadas no blog, como também haverá certa reflexão sobre elas.
Sinto ter escrito tão pouco, mas a verdade é que passei por um momento de transição e incertezas. Pelo menos a incerteza acabou e a transição está começando agora.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

A tarefa difícil de se colocar no lugar do outro

Eu ensino à minha filha valores nos quais acredito. Simples assim. Quero que ela um ser humano melhor, sempre e por isso, ensino um pouco do que aprendi.

Todos nós temos um sentimento de certeza de nossas verdades. Algumas pessoas possuem isso mais que outras. É inerente ao ser humano achar que sua versão dos fatos é sempre a correta e verdadeira, pois praticamos pouco o exercício de nos colocar no lugar da outra pessoa para saber o que ela pensa ou o que ela sente.

Estamos tão preocupados com os nossos próprios sentimentos, nossas próprias necessidades que esquecemos que do outro lado da história há outro ser humano com seus próprios anseios e desejos. É esta atitude tão simples, a responsável pelos milhares de desentendimentos que vemos no dia a dia.

Não engane a si mesmo dizendo que você não é assim. Todo mundo é. Alguns mais que outros. Tentamos mascarar a verdade perguntando para terceiros a opinião sobre o que vivenciamos, mas o que queremos é apenas a confirmação de que estamos certos.

Eu entendi isso a duras penas, depois de muito bater a cabeça impondo a minha razão onde não existia razão alguma. Toda história tem dois lados. Quem está de fora até pode conseguir vislumbrar o lado correto, ou que possui maior razão, mas normalmente, ninguém está certo. O que existe é uma série de atitudes egoístas que acabam por destruir qualquer harmonia possível entre duas pessoas e assim não há amor, amizade ou qualquer tipo de relacionamento que resista.

Como ser humano, não consigo ser altruísta sempre (ou quase nunca), mas procuro sempre que possível me colocar no lugar do outro e tentar compreender suas atitudes. Não é um exercício fácil, mas com certeza é compensador.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dois anos...

Letícia completou dois anos. Eu completei dois anos de um novo ciclo em minha vida. Não me recordo mais de como eram os dias em que eu pensava apenas em minhas necessidades e meus desejos. Desde que ela nasceu, meus pensamentos e ações estão diretamente ligados ao bem estar dela.

Não vejo isso como algo ruim, digo a parte de pensar menos em mim. Nos últimos meses passei a dedicar parte do meu tempo às minhas necessidades individuais, porém, o predomínio das necessidades de minha pequena ainda é maior. Vejo isso de forma natural e benéfica em vários aspectos. Como disse é um novo ciclo. Tenho uma amiga que adora essa palavra e agora eu passei a gostar também.

Sou uma pessoa cheia de medos. Confesso que às vezes me acho um tanto depressiva, mesmo que no dia a dia eu não me permita ter o tempo necessário para pensar em meus medos. Prefiro o pensamento positivo, a esperança do algo melhor, a rotina incansável de trabalho e das atividades domésticas ao exercício do sentar e refletir sobre as minhas aflições e dos motivos delas existirem. No momento, meu medo é não

Quando me comparo à Letícia (mesmo sendo algo absurdo de se fazer, pois ela é uma criança e eu uma adulta) vejo o desenvolvimento da espécie (Risos). Ela é feliz como toda criança deve ser. Não me recordo de quando tinha dois anos, mas que eu saiba sempre fui meio circunspecta. Letícia não. Ela é agradável e engraçada. Faz bagunça e se diverte com coisas grandes e pequenas. Eu era comportada (segundo diz minha mãe).

Eu sou feliz, não me entenda mal, só sou um ser cheio de anseios e medos, talvez como muitos outros seres humanos, talvez um pouco menos ou um pouco mais. Meu desafio é não transmitir meus temores à minha filha. Até agora tenho feito um bom trabalho, pois só vejo nela sorrisos e grandes risadas. Ela é um pouco brava, geniosa e controladora (herdou isso de mim), mas sabe conquistar a todos com seu jeito carinhoso e cativante. Quando faz arte e precisamos colocar autoridade em nossas vozes, ela nos olha com carinha de santa e diz “amo muito, muito você”, o que nos quebra e nos fraqueza na tarefa árdua que é educar.

Não sei muito como deve se comportar uma criança de dois anos. Lembro vagamente da minha irmã caçula, que nasceu quando eu tinha oito anos. Acho que por causa do meu desconhecimento me surpreendo a cada dia com seu desenvolvimento. Ela fala frases completas, faz conexões entre as pessoas, se questionada se ama papai e mamãe, ela não responde – amo papai e mamãe – ela diz “amo os dois”. Ela reconhece os lugares onde as pessoas mais próximas moram, aponta o nome de vários conhecidos em fotos e fala ao telefone como gente grande.

Bom, posso não ser perfeita, posso não ser uma mãe perfeita, mas sim, tenho feito um bom trabalho nesses dois anos. A maternidade é um ciclo eterno composto por vários ciclos. Eu, ainda estou no paraíso.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Na escola...

Lembro da primeira vez que fui à escola. Eu tinha cinco anos, mas nunca me esqueço porque soltei a mão de meu pai, ganhei um beijo e corri pelo jardim olhando para trás, um pouco triste pelo que achava que estava perdendo, mas feliz pela expectativa daquilo que encontraria. Eu sempre fui assim. Sempre tive medo de deixar o passado e ansiedade pelo futuro.

Minha pequena provavelmente não terá essa lembrança. Ela foi para a escolinha ainda bebê, quando a licença maternidade acabou e portanto, os dias inteiros de mãe e filha. Talvez seja melhor assim, ela não se lembrará de minha tristeza ao deixá-la, nem do meu desapontamento quando, nos dias de hoje, ela não quer ir embora da escola.

Sim, pasmem, meus amigos. Meu bebê de um ano e oito meses, chora, esperneia, se joga no chão para ficar na escola. Alguns podem dizer que isso é bom sinal: ela é bem tratada, gosta das tias, dos amiguinhos... mas meu coração de mãe fica pequenino, porque o que eu esperava ela um baita sorrido e um abraço apertado assim que ela me visse.

Não, não maltrato minha filha. Aliás, acho impossível dar mais amor. Não sei porque essa reação. Se a escola é boa demais, se ela gosta muito de brincar e eu sempre chego no auge da brincadeira, se ela propositalmente quer se vingar por eu a ter deixado, ou se simplesmente ela gosta mais das tias que da mamãe (agora soei um pouco melodramática).

O fato é que, como todas as mães dizem: a gente cria os filhos para o mundo e não para nós. Triste demais aprender isso tão cedo assim...

PS: minha alegria volta uns dez minutos depois que chegamos em casa. Ela pula, brinca, diz que me ama, me abraça, me aperta, grita, diz que quer meu colo, gruda em minhas pernas e não para de chamar mamãe, até que... o papai chega!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Te amo

- Ti aimo mamãe!

É esta frase que minha filha me diz todos os dias pela manhã. Apesar de às vezes eu ser estressada, e devido ao trabalho e outros compromissos ter pouco tempo pra ela. Quando a deixo na escola, ela me olha com um olhinho triste, porque acabou as brincadeiras da parte da manhã, e quando vou buscá-la ela chora porque não quer ir embora, o que me frustra e me faz perguntar se sou uma boa mãe. Quando chegamos em casa, ela esquece o choro, me abraça e já começa a me morder e beijar, com e enche a boca pra dizer novamente: ti aimo mamãe...

O que será que ela pensa?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Uma nova benção

Há algum tempo, eu escrevi um texto aqui em homenagem a uma amiga que passava por uma dor, que ninguém no mundo deve desejar. Ela estava triste, desanimada, sem vontade. Disse que minhas palavras a ajudaram a encontrar o consolo necessário para seguir em frente, não sem dor, porque isso era impossível, mas com certa resignação e fé por aquilo que não tinha como mudar.

Hoje, ela está feliz, plena e realizada. A esperança voltou a reinar em seu coração, um novo ser cresce dentro dela, tão amado e esperado, tão abençoado que só quem compartilhou sua história sabe o que isso significa.

Agora, quero escrever para ela novamente. Dizer que, se minhas palavras pregressas servirão de consolo naquele momento, espero que estas agora, sirvam de inspiração e felicidade e transmitam toda a energia positiva que existe no mundo para ela! Alguns momentos devem ser compartilhados antes, durante e depois, e esse que ela vive agora, está sendo compartilhado por mim!

Beijo grande Manu!

Mudança de valores

Ontem estava pensando em como os tempos mudam. A modernidade chega a cada geração e com ela, uma série de novas manias são colocadas em prática. O que antes era uma absurdo, agora é normal, legal até. Difícil criar uma criança em um mundo cheio de mudanças de valores.

Esses dias, li um artigo muito interessante que falava sobre a educação dos filhos e como os pais da atualidade, tendem a se desdobrar para fornecer a eles tudo o que desejam, a conquista da felicidade plena. O interessante na visão da autora, é que com esse comportamento criamos uma ser dependente de mais da proteção materna e incapaz de lidar com as frustrações que invariavelmente vão acabar encontrando na vida.

Embora seja compreensível que os pais desejem a felicidade dos filhos, não é admissível que eles façam absurdos para isso. Não passa pela minha cabeça ver lágrimas nos olhos de minha filha quando ela encontrar em sua vida algo que a deixe frustrada ou infeliz, mas eu sei que esses momentos acontecerão, e o que eu posso fazer? Apenas estar lá, e dar a melhor formação para que ela aprende com seus próprios erros, com os dissabores que irá enfrentar.

Mesmo que não dependa dos pais a felicidade plena dos filhos, acredito que eles são os responsáveis por norteá-los na busca por ela, ensinando os valores de uma pessoa digna, honesta de e de caráter. O difícil é você ensinar valores nesse mundo, que como eu disse anteriormente, muda de valores a cada momento.

Certa ou errada em meus princípios, são eles que vão direcionar a maneira de eu educar minha filha. Ao menos, é minha opinião e visão de mundo que vou dar, com todos os instrumentos necessários para que no futuro, ela julgue por si mesma e tenha seus próprios valores.